SEXTA FEIRA- 04-12-2020
OLHAR
Encare hoje as pessoas com este olhar: Ao Senhor que vem e que deve vir, ofereçamos, suplicantes, a narrativa humilhante da situação dolorosa da nossa vida, da nossa história, do nosso povo, e sobre ele invoquemos com calorosos acentos a bondade e a misericórdia de Deus, ou seja, a graça da sua vinda.
ORAÇÃO
Senhor, que tua mão proteja teu escolhido, o homem que fortaleceste. De ti não nos separaremos mais, tu nos farás viver e invocaremos o teu nome. (Sl 80(79),18-19)
CONVICÇÃO
O homem evangélico não pode reconhecer-se num tipo de sociedade que seca o desejo do significado daquilo que se é e daquilo que se faz, que programa a necessidade dos consumidores, que nos organiza e tira o pó de cima de nós como se fôssemos robôs, e nos manobra ocultamente como bonecos. O êxito de tal alienação e automatização não pode ser outro senão o aborrecimento e a náusea. “Há algo pior do que ter uma alma perversa: é ter uma alma de todos os dias”, – dizia Péguy. “De uma alma pagã é possível fazer uma alma cristã. Mas daqueles que são nada, dos mortos que estão vivos, o que se pode fazer? De uma alma da vigília, é possível fazer uma alma do dia; mas daqueles que não vigiam, como se pode fazer uma alma do amanhã?”
INSPIRAÇÃO
“Ai de vocês que agora estão saciados” (Lc 7, 25), trovejou Jesus um dia. Porque estes não esperam por mais nada e se adormentam – como diz Isaías na primeira leitura – e se adormentam com o coração endurecido, com um ouvido que não escuta e com olhos que não enxergam. Estes são os falsamente tranquilos, incapazes de criatividade, que nem sequer sabem compor uma dança ou uma cantiga, gente nutrida – na escola ou na TV – com uma cultura confeccionada pela ideologia dominante, rebanho gregário, pronto para se entregar ao totalitarismo de turno.