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Nossa Espiritualidade

Nossa Espiritualidade

Centrada no segmento de Jesus e de Maria à maneira de S. Francisco e Santa Clara de Assis, a espiritualidade da SEARA decorre do espírito franciscano que a informa e anima. É, por isso, uma espiritualidade que desenvolve a cosmovisão franciscana, ou seja, a maneira franciscana de olhar a vida e o universo inteiro, tomando todas as coisas como dons do infinito amor do Pai.

Para isso, os membros do Instituto Franciscano Seara buscam de diversas formas desenvolverem um “olhar espiritual” que lhes permita crescer no despojamento dos critérios do mundo, para se deixarem invadir pelos critérios de Deus revelados no Evangelho. Trata-se de desenvolver uma “espiritualidade do olhar” que torne possível ver tudo em referência a Deus; olhar tudo do ponto de vista de Deus, ou seja, segundo os Seus critérios.

Esta espiritualidade tem como ponto de partida a contemplação que na concepção secular significa: dar em cada momento total atenção a Deus. Fazer isso no mundo e a partir do mundo é fazê-lo elevando continuamente para Deus as realidades desse mesmo mundo, fazendo delas a matéria prima da oração. Frei Eurico ao falar-nos desta nossa “tarefa” fundamental diz-nos:

O contemplativo é alguém que deixa Deus monopolizar toda a atenção do seu espírito; é alguém que envolvido no trabalho ou tratando com o povo, deixa Deus sempre mais ocupar todo o seu território interior. Se alguém vai à escola dar aulas, ou vai trabalhar no hospital, se vai para o escritório, para a firma, para o banco ou para a repartição pública, e aí, onde quer que se encontre, deixa que Deus esteja sempre primeiro e tudo faz na Sua presença, de uma forma atenta e amorosa, esse alguém é um contemplativo. Contemplar é dar a Deus toda a atenção do próprio espírito. Para fazer isso alguns saem do mundo, vão para os mosteiros e se colocam atrás de grades. O membro da SEARA, para fazer isso vai para a rua e se mistura com o povo… É esta a sua vocação.
(cfe. Frei Eurico, cassete gravada em Portugal, em 1983).

Assim compreendida a “espiritualidade do olhar” cultiva três dimensões ou perspectivas essenciais: a Trinitária, a Mariana e a Franciscana, as quais tornam possível aquele único e fraterno olhar que “Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.” (cf. 1ª Cor. 13,7).

Trinitária

A “espiritualidade do olhar” é uma espiritualidade Trinitária porque olhar as coisas do ponto de vista de Deus supõe, em primeiro lugar, uma relação pessoal muito íntima e profunda com cada uma das Pessoas divinas. Assim:

• Olhar o Pai, significa acolher amorosamente de Suas mãos todas as realidades e todos os seres como seus dons, bem como as alegrias e as tristezas, os benefícios e os sofrimentos que a vida comporta. Significa também a submissão confiante à Sua vontade, que nos faz crescer sempre mais na vida filial.

• Olhar o Filho, significa seguir Jesus incondicionalmente pelos caminhos da Sua Encampação-Redentora pela qual Deus se tornou o “Deus-conosco”. Significa, sobretudo, aprender a “dar a vida” fazendo do “ser para os outros” a suprema razão do nosso ser.

• Olhar o Espirito Santo, significa ser n’Ele enviado ao mundo como sal, luz e fermento de vida evangélica; viver na docilidade às Suas moções e ser Seu instrumento na ação de transformação do mundo em Reino de Deus.

Mariana

A “espiritualidade do olhar” é também uma espiritualidade Mariana porque olhar as coisas do ponto de vista de Deus só é possível em Maria, com Maria e por Maria. Só Aquela que é perfeitamente Virgem e verdadeiramente Mãe, porque plenamente Filha e Esposa, (cf. S. Francisco de Assis em “Ofício da Paixão”) possui o segredo da entrega total ao Senhor.

Por isso, será no cultivo de uma intimidade terna e afetuosa com Maria que os membros da Seara poderão encontrar o segredo da alegria serena da própria vocação e “aprender a ser pobres e mães de Cristo que nasce e cresce em nós mesmos e nos outros.
(cfe. Santa Clara, “Fontes Clarianas”, p. 14).

Franciscana

A “espiritualidade do olhar” é ainda uma espiritualidade Franciscana porque olhar as coisas do ponto de vista de Deus é algo que se aprende, de uma forma muito particular, com Francisco e Clara de Assis, modelos ímpares de uma cosmovisão teocêntrica e fraternal. Com eles, os membros da Seara procuram aprender principalmente a:

• Olhar o Espelho da Eternidade, capaz de transformar o nosso olhar carnal em olhar contemplativo, apto a enxergar as “coisas do alto” (cfe. Col. 3,1) e a dar-lhes a primazia no quotidiano da vida;

• Olhar o Presépio, aonde o Amor Encarnado “veio habitar no meio de nós, cheio de graça e de verdade… (cfe. Jo. 1,4);

• Olhar o Crucifixo de S. Damião, onde através de S. Francisco, Jesus nos continua a pedir: “vai e repara a minha Igreja. (cfe. Tomás de Celano, “Vida Segunda”, cap. VI, n” 10).

• Olhar o “leproso”, símbolo do irmão mais pobre e necessitado que espera de nós o “beijo” de uma solidariedade fraternal;

• Olhar o Livro Aberto da Criação, que nos fala de Deus com mais eloquência que ninguém e nos impele à fraternidade universal.

Nestes aspectos de inesgotáveis consequências práticas, a Seara lança os alicerces da espiritualidade que deve informar a vida dos seus membros, motivando-os a uma constante procura do Senhor,como recomenda o seu fundador:

Ao Pai, cuja Vontade unicamente escolhemos em Cristo, ergamos sempre a nossa oração para que se digne levar a bom termo a obra que em nós começou a realizar. Não queiramos outra coisa senão o amor de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos amou e Se entregou por nós. Que nos baste segui-Lo incondicionalmente, escolhendo-O pelo que Ele é, que O procuremos para encontrá-Lo e o continuemos procurando depois de havê-Lo encontrado. Para encontrá-Lo é preciso procurá-Lo porque Ele é um ser oculto, mas depois de tê-Lo encontrado é preciso ainda procurá-Lo porque Ele é inesgotável. Ele sacia quem O procura, mas aumenta a sede de quem O encontra para que O procure de novo a fim de ser saciado”.
(cfe. Frei Eurico, Constituição, texto de 1982).