TERÇA FEIRA – 20/10/2020
OLHAR
Encare hoje as pessoas com este olhar: O ensinamento que podemos extrair desse novo desencontro entre Jesus e os fariseus, não pode ser reduzido a genéricos enunciados sobre a autonomia das realidades terrenas, ou sobre a recíproca influência entre fé e política.
ORAÇÃO: O Senhor é grande e digno de todo louvor, terrível acima de todos os deuses. (Sl 96(95), 4).
CONVICÇÃO
Não se pode aceitar a fácil contraposição: “a religião não se coaduna com a política; a Igreja e os padres não devem fazer política; a política tem as suas leis que não suportam interferências morais ou religiosas, etc.”. Mas também não se pode aceitar aquele sempre recorrente integrismo, que pretende indicar como “cristãs” certas políticas, justificadas com os apelos do Evangelho, como se do Evangelho se pudessem extrair, mais ou menos diretamente, comportamentos ou normas políticas. Tanto num como em outro caso é a fé que paga a conta, reduzida à esfera estranha à vida, ou a peça justificativa de orientações particulares, normalmente fruto de contingências históricas particulares, de maneiras particulares de ver a realidade ou os problemas. Maneiras de ver que certamente não são únicas entre os cristãos, precisamente porque não decorrem apenas de uma “ótica de fé”, mas de toda uma série de mediações culturais.
DISCERNIMENTO
A Igreja não deve fazer política, porque não se identifica com nenhum partido político. Os cristãos, como tais, não têm o seu partido: uma única orientação de fé não gera necessariamente uma ideologia, ou uma única praxe política. Um sujeito eclesial, uma comunidade cristã não gera necessariamente um único sujeito político, um único partido. Não se deve fazer confusões. Pode haver unidade de fé também na diferenciação política! Mas é sempre necessário lembrar, que a traição e a rejeição do Irmão e do Pai, passam frequentemente por caminhos políticos e econômicos.