O Instituto Franciscano Seara nasceu sob a inspiração de São Francisco e Santa Clara de Assis, que são os patronos principais. Deles escreve Frei Eurico: “consideramos o Seráfico Pai e sua Plantinha Predileta, como os verdadeiros fundadores desta família que nasce conosco, porque também nos nascemos do seu maravilhoso espírito, tendo ido a eles não como quem foi a um arquivo, mas como quem bebeu numa fonte capaz de suscitar sempre novas modalidades de acesso às riquezas inesgotáveis do Evangelho. Essas modalidades, não obstante serem novas, continuam sendo a modalidade deles. Ontem como hoje o acesso à verdade que eles descobriram se torna possível a nós, exatamente porque somos levados a encontrar “de novo” aquilo que eles procuraram”.
Depois vem Santa Terezinha do Menino Jesus, escolhida pela espiritualidade da “Pequena Via“, da infância espiritual do cristão, feita de confiança e abandono, e pelo cultivo das pequenas coisas. Frei Eurico conservava em seu quarto um quadro com a estampa de Santa Terezinha, e dizia que era enamorado dela.
Escolhemos também São João Batista, por sua coragem e intrepidez no anúncio da vinda de Jesus e na defesa da verdade. É a “voz que clama no deserto”, semelhante ao nosso mundo, que pode ser também comparado a um deserto, quando se trata da implantação do Reino de Deus.
Homenageamos Santa Ângela de Mérici, porque ela foi a precursora dos Institutos Seculares, vivendo esta forma de vida já em 1535. Ângela antecipou-se mais de 400 anos, a viver uma proposta de vida consagrada que seria aprovada pela Igreja em 1947.
Oferecemos um resumo da vida estes santos e santas. Eles nos inspiram a viver uma vida de intensa comunhão com Deus, em pleno mundo.
São Francisco de Assis (1182-1226) nasceu em Assis, na Itália, no dia 5 de julho de 1182. Era filho de Joana e Pedro Bernardone Maricone, rico mercador e comerciante de tecidos. Suas mercadorias eram vendidas na praça central da cidade de Assis. Estudou na escola Episcopal, onde aprendeu a ler, escrever e principalmente contar. Enriquecer era uma obsessão naquela época. Ajudou seu pai no comércio, mas viver atrás de um balcão não era trabalho que o atraísse.
Em 1197, com a morte do imperador romano-germânico Henrique VI, que dominava a região, inicia-se uma revolta dos mercadores de Assis, O Ducado de Assis era controlado pelo Duque de Spoleto, que cobrava pedágio de tudo que atravessasse a região. Os revoltosos, entre eles Francisco, conseguem conquistar o poder. Em 1201, Francisco organiza uma tropa para dar combate a nobreza feudal que havia se refugiado na Perúsia. Na luta os mercadores de Assis são derrotados e Francisco e levado para prisão, onde permanece durante um ano.
Em 1203, de volta a cidade natal, Francisco entrega-se a uma vida de festas e luxo. Depois de um tempo resolve mudar de vida e ser cavaleiro. Para chegar a esse posto teria que começar como escudeiro de um nobre. Francisco parte para sua missão. Durante o percurso, ao encontrar os mendigos, vai se desfazendo de seus pertences.
Em 1206, orando na capela de São Damião, acredita ouvir de Cristo as seguintes palavras: “Vá Francisco, e restaure a Minha Casa“. Imaginando tratar-se de reconstruir a Capela, volta para casa, vende boa parte dos tecidos do pai, e entrega-se ao serviço de Deus e dos miseráveis. Em 1208, faz votos de pobreza.
Francisco de Assis, decidido a cumprir as Escrituras sagradas, passa a viver voltado apenas para o espírito. Seus sermões eram cada vez mais frequentados, sua fama vai se espalhando e as poucos já tinha seguidores, dispostos a formar uma nova ordem religiosa. Em 1210, fundaram a Ordem dos Irmãos Mendigos de Assis, que se instalou em cabanas no alto dos montes.
Em 1212, voltando a sua cidade natal, vem a seu encontro a jovem Clara, que se junta ao grupo e funda mais tarde a Ordem das Clarissas. Em 1215, o papa Inocêncio III reconhece a “Ordem dos Franciscanos” e designa o Cardeal Ugolino, como protetor da Ordem. Os discípulos são separados em dois grupos para seguir em peregrinação pelo mundo para disseminar o sentimento da fé cristã.
Durante a peregrinação os franciscanos tiveram seus primeiros martírios, cinco discípulos foram mortos pelos muçulmanos, em Ceuta, por recusarem a conversão ao islamismo. Francisco embarca para a Terra Santa, onde é aprisionado e levado ao Sultão. Para mostrar a superioridade da fé cristã, Francisco anda sobre brasas. É imediatamente libertado e volta para a Itália.
Em 1221, apresenta um texto com as regras para a ordem, que é recusado pelo cardeal Ugolino. Em 1223 o texto é retocado e finalmente aceito pelo papa Honório III. Em 1224, decepcionado e doente, com uma inflamação nos olhos, é obrigado a moderar suas atividades. Nesse mesmo ano renuncia a direção efetiva da irmandade que criara.
São Francisco, em companhia dos discípulos Ange, Rufino e Leão, parte para floresta. Conta-se que na floresta, em sua presença, os peixes saltavam da água e os pássaros pousavam em seus ombros. Certo dia orando, no alto do rochedo, desceu do céu um serafim de asas resplandescentes, trazendo nos braços uma cruz. Quando a imagem desaparece, Francisco percebe marcas de sangue nas mãos e pés. Em 1226, Francisco implora que levem-no a Assis. Onde, falece assistido pelos discípulos, no dia 3 de outubro. A Ordem dos Franciscanos se espalhou pelo mundo.
Santa Clara nasceu em 16 de julho de 1193 ou 1194, na cidade de Assis (chamada Chiara Favarone di Offreduccio, filha de Favarone de Offreduccio, e Hortolana, família de origem nobre e rica).
Segundo o que diz a tradição, este nome lhe teria sido dado devido uma a uma inspiração de sua mãe, ela acreditava que sua filha viria para iluminar o mundo.
Dela, Celano escreve: “Clara de nome, mais clara por sua vida e claríssima nas virtudes” (1Cel 8 ).
Desde muito nova se mostrava caridosa e respeitava os mais pobres. Chegada aos 17-18 anos, seus pais preocupavam-se com seu casamento, mas ela adiava a decisão, recusando com delicadeza.
Ouvira falar de Francisco, que deixara riquezas e sua casa para viver o Evangelho com seus companheiros, que eram tidos como loucos. Depois que conheceu Francisco, ele seria seu mestre e amigo.
Clara foi tomada por uma irresistível decisão de segui-lo na vida religiosa. Da mesma forma que São Francisco, Clara também enfrentou forte oposição da família, que não aceitava que sua filha abandonasse a vida nobre para viver na completa miséria, mas nada a demoveu de seu ideal. No dia 18 de março de 1212, aos dezoito anos de idade, Clara fugiu de casa, decidindo-se radicalmente pela vida religiosa. Apresentou-se, então, na Igreja de Santa Maria dos Anjos, onde se encontrou com São Francisco e seus frades. Ele, então, cortou seus cabelos e pediu que vestisse um hábito de lã e pronunciasse os votos de pobreza, castidade e obediência. Clara foi a primeira mulher a aderir aos ideias franciscanos em sua vida.
Sem lugar para morar, ainda passa por outras comunidades monásticas, enfrentando pressões de seus familiares. Finalmente, Clara com suas companheiras estabeleceram-se na Igreja de São Damião, onde os frades menores haviam preparado um pequeno convento para elas. Neste lugar recebem de Francisco a primeira forma de vida e vivem do próprio trabalho.
A família de Clara tentou todos os meios possíveis para que ela voltasse para casa. Quando tentaram agarrá-la à força, ela tirou o véu, revelando os cabelos cortados e agarrou-se à toalha do altar, mostrando estar consagrada ao Senhor. Deixaram-na porque não poderiam fazer mais nada.
Inês, sua irmã, também foge de casa para ir viver com Clara. Seguida por outras companheiras: Pacífica, Benvinda de Perusa, Cecília de Gualtieri, Filipa de Gislério, Cristiana de Bernardo e outras. Mais tarde também sua outra irmã, Beatriz, e finalmente sua mãe Hortolana.
Por determinação do Concílio de Latrão, (1215), os institutos novos deveriam ser regidos pela Regra de São Bento. Clara resistiu em aceitar essa regra, mas em 1216, a aceita, por orientação de Francisco, porém, conseguindo do Papa Inocêncio III o “privilégio da pobreza”. Em 1217, o Cardeal Hugolino apresentou outra regra, mas deixava de fora a pobreza querida por Clara. Em 1247 o Papa permitiu que professassem a regra de São Francisco. Mas Clara, com sua perseverança e tenacidade, escreve sua própria Regra, que foi aprovada pela Igreja, a primeira escrita por uma mulher, incluindo o
“privilégio da pobreza”, defendido por ela.
Santa Clara não tem muitos escritos, mas suas cartas Inês de Praga revelam suas convicções mais profundas. Numa delas, referindo-se a Jesus, escreve: “Amando-o, és casta, tocando-o, serás mais pura, deixando-se possuir por ele, és virgem. Seu poder é mais forte, sua generosidade, mais elevada, seu aspecto, mais belo, o amor mais suave e toda graça. Agora tu estás acolhida em seu abraço, que ornou teu peito com pedras preciosas… e te coroou com uma coroa de ouro gravada com o selo da santidade”.
Sua espiritualidade é cheia de imagens femininas, entre elas a do espelho, símbolo de Jesus. Recomenda a Inês que contemple todos os dias esse Espelho, e se olhe todos os dias nele, para se enfeitar com todas as virtudes.
Clara tinha viva fé na presença de Jesus na Eucaristia. Um fato prodigioso o comprova: a cidade de Assis fora atacada pelos mercenários sarracenos, que estavam para invadir o convento e devastar a cidade. Clara, ostentando o Santíssimo Sacramento, afastou os soldados. Por isso é considerada protetora da cidade de Assis, e aparece com o ostensório nas mãos.
Clara morre em 11 de agosto de 1253, e é canonizada em 15 de agosto de 1255 com a bula “Clara Claris Praeclara”. Em 03 de outubro de 1260 seu corpo é trasladado para a Basílica, construída em sua honra.
Numa noite de Natal, Clara estava doente, acamada e não podia participar das orações na Igreja. Quando as Irmãs foram vê-la, de manhã, ela lhes disse: – “Bendito seja o Senhor Jesus Cristo, que não me deixou aqui abandonada, sozinha, quando vocês me abandonaram. Escutei, por graça do Senhor, toda a solenidade celebrada esta noite na igreja de São Francisco e lá estive presente, recebendo até a santa comunhão. Agradecei comigo a Nosso Senhor Jesus Cristo, por tal graça a mim concedida”. Por este motivo, em 14 de fevereiro de 1958, o Papa Pio XII a proclama, padroeira da televisão.
Teresinha nasceu em Alençon, na França, em 2 de janeiro de 1873. Foi batizada com o nome de Maria Francisca Martin e desde então destinada ao serviço religioso, assim como suas quatro irmãs. Os pais, quando jovens, sonhavam em servir a Deus. Mas circunstâncias especiais os impediram e a mãe prometeu ao Senhor que cumpriria seu papel de genitora terrena, mas que suas filhas trilhariam o caminho da fé. E assim foi, com entusiasmada aceitação por parte de Teresinha, desde a mais tenra idade.
Caçula, viu as irmãs mais velhas, uma a uma, consagrando-se a Deus até chegar sua vez. Mas a vontade de segui-las era tanta que não quis nem esperar a idade correta. Aos quinze anos, conseguiu permissão para entrar no Carmelo, em Lisieux, permissão concedida especial e pessoalmente pelo papa Leão XIII.
Desde muito cedo Teresa Martin iniciou sua devoção ao Menino Jesus. Aos seis anos e meio, começa a se preparar para a primeira comunhão, sendo catequizada por sua irmã Paulina. Graças a esta catequese, o amor ao Menino Jesus vai aumentando em seu coração. Ao falar deste período, nossa santa afirma que “amava-o muito” (A 31v). Não é, pois, de se estranhar que à época de seu primeiro chamado à vida carmelitana, tenha aceitado com entusiasmo a proposta de Madre Gonzaga de se chamar “Teresa do Menino Jesus” quando ingressasse no Carmelo. Após prepará-la para a primeira comunhão, Paulina, já Irmã Inês de Jesus no Carmelo de Lisieux, convida a menina a considerar sua alma como um jardim de delícias no qual é preciso cultivar as flores de virtudes que Jesus virá colher em sua primeira visita.
No ano de 1887 se oferece ao Menino Jesus para ser seu brinquedo (A 64r), desejando abandonar-se sem reservas à sua misericórdia. Isto ocorre por ocasião da célebre audiência com o papa Leão XIII. Teresa esperava que o papa autorizasse sua entrada imediata no Carmelo, apesar da pouca idade. Enorme decepção! Recebe palavras ternas e não a resposta desejada. Por isso não fica perturbada. Não havia se oferecido para ser a “bolinha” de Jesus e não dissera que ele poderia fazer o que quisesse com ela?
A partir do dia 9 de abril de 1888, data de seu ingresso no Carmelo de Lisieux, Teresa pôde,
finalmente, realizar seu sonho de menina: assina suas cartas durante todo o postulantado como “Teresa do Menino Jesus” (Ct 46-79). No dia 10 de janeiro de 1889, dia em que recebe o hábito, assinará pela primeira vez “Irmã Teresa do Menino Jesus e da Santa Face”, que será seu nome definitivo de Carmelita (Ct 80). Quando entra na clausura, a primeira coisa que lhe chama a atenção é o sorriso de seu “Menino cor de rosa” (A 72v), que a acolhe. Ela se encarregará de colocar-lhe flores desde a Natividade de Maria: “era a Virgenzinha recém-nascida que apresentava sua florzinha ao Menino Jesus“. (A 77r).
Teresa dedica muitas poesias, recreações piedosas e orações ao Menino Jesus, ao mistério do Natal e aos primeiros anos da infância de Cristo. No dia 21 de janeiro de 1894 cria e oferece à Madre Inês, em sua primeira festa como priora, uma pintura a óleo do Menino Jesus, a que intitula como “O sonho do Menino Jesus”. Este quadro mostra o Menino Jesus de olhos abaixados, brincando com as flores que lhe são oferecidas. Ao fundo aparece sob a claridade da lua a Sagrada Face debaixo da cruz e cercada dos instrumentos da paixão. Em uma carta enviada no mesmo dia (Ct 156), Teresa comenta seu quadro: longe de temer os sofrimentos futuros, o Menino Jesus conserva um olhar sereno e até sorri, pois sabe que sua esposa (Irmã Inês) permanecerá sempre ao seu lado para amá-lo e consolá-lo. Quanto aos olhos baixos, estes mostram sua atitude quanto à própria Teresa: “Ele está quase sempre dormindo”. Neste último detalhe já vislumbramos uma prefiguração da grande prova de fé que irá acompanhá-la em seus últimos dias.
Nos finais de 1894, a jovem carmelita descobre sua “Pequena Via”. A infância espiritual do cristão, feita de confiança e abandono, deverá se moldar na própria infância de Jesus, em seu caráter de Filho, tão particularmente representado nos traços de sua infância. No dia 7 de junho de 1897, Teresa se deixa fotografar, tendo nas mãos as estampas do Menino Jesus e da Sagrada Face. Sobre a imagem do Menino Jesus, conhecido como “de Messina”, Teresa copia o versículo de Pr 9,4: “Quem for pequenino, venha a mim”.
Terezinha morre em 30 de setembro de 1897, acometida de tuberculose, em Lisieux, na França. No dia 17 de Maio de 1925, Teresinha foi canonizada pelo Papa Pio XI. O mesmo Papa a declara Patrona Universal das Missões Católicas em 1927. O Papa João Paulo II a declara Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997.
Para contar a história de João batista, não precisamos recorrer a outra fonte, além dos Evangelhos. Tornou-se Batista, porque batizava. Jesus o intitula o maior dos profetas: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista… De fato, todos os profetas, bem como a lei, profetizaram até João. Se quiserdes compreender-me, ele é o Elias que deve voltar.” (Mt 11,11-14).
Filho de Zacarias e Isabel, João era primo de Jesus, a quem “precedeu” como um mensageiro de vida austera, segundo as regras dos nazarenos. Zacarias era sacerdote, e ao exercer as funções sacerdotais “Apareceu-lhe, então, o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. Quando Zacarias o viu, ficou perturbado e cheio de medo. O anjo lhe disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque o Senhor ouviu o teu pedido. Isabel, tua esposa, vai te dar um filho, e tu lhe porás o nome de João. Ficarás alegre e feliz, e muitos se alegrarão com seu nascimento. Ele será grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada; e, desde o ventre da mãe, ficará cheio do Espírito Santo”.
Zacarias duvidou do anúncio e perdeu a voz. Quando o menino nasceu, e Zacarias escreveu numa tabuinha: “Seu nome é João”, o sacerdote recuperou a fala e entoou o “Benedictus”, hino de louvor e agradecimento, que a Igreja repete diariamente na Liturgia das Horas da manhã.
A Igreja celebra a festa dos santos no dia de sua morte, porém no caso de São João Batista, faz uma exceção: celebra o dia de seu nascimento, porque foi santificado no ventre sua mãe, quando ela foi visitada pela Santíssima Virgem, que trazia no seio o Salvador.
João batizava o povo com um batismo de penitência, preparando a vinda de Jesus. Certo dia, quando batizava no Rio Jordão, “Jesus veio da Galileia para o rio Jordão, até junto de João, para ser batizado por ele. Mas João queria impedi-lo, dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” Jesus, porém, respondeu-lhe: “Por ora, deixa, é assim que de-vemos cumprir toda a justiça!” E João deixou. Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água, e o céu se abriu. E ele viu o Espírito de Deus descer, como uma pomba, e vir sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: “Este é o meu Filho amado; nele está meu pleno agrado”. (Mt 2, 13-17).
Na celebração de São João Batista, o Hino de Laudes proclama as virtudes e a força deste profeta: “Logo ao nasceres não trazes mancha, João Batista, severo asceta, Mártir potente, do ermo amigo, grande profeta. De trinta frutos uns se coroam; a fronte de outros o dobro cinge. Tua coroa, dando três voltas, os cem atinge. Assim cingido de tanto mérito, retira as pedras do nosso peito, torto caminho, chão de alto e baixo, torna direito. Faze que um dia, purificados, vindo a visita do Redentor, possa em noss’alma, que preparaste, seus passos pôr”.
Impelido pela sua missão profética, João Batista anunciou o advento do Cristo, e desejava que todos estivessem prontos para acolhê-lo, por isso denunciou o pecado de Herodes, que escandalosamente tinha raptado Herodíades – sua cunhada – e com ela vivia como esposo. Por isso foi preso e sofreu o martírio.
O Evangelho (Mc 6,17-29) narra assim o martírio de João Batista: “De fato, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de He¬rodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. Pois João vivia di¬zendo a Herodes: “Não te é permitido ter a mulher do teu irmão”. Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo, mas não conseguia, pois Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconcertado. Finalmente, chegou o dia oportuno. Por ocasião de seu aniver¬sário, Herodes ofereceu uma festa para os proe¬minentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galileia. A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à moça: “Pede-me o que quiseres, e eu te darei”. E fez até um juramento: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade¬ do meu reino”. Ela saiu e perguntou à mãe: “Que devo pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. O rei ficou muito triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis faltar¬ com a palavra. Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O car¬rasco foi e, lá na prisão, lhe cortou a cabeça, trouxe-a num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura”.
Que mensagem São João Batista tem para nós consagrados (as) seculares? Creio que a primeira é a contemplação: no ventre de sua mãe, sentiu a presença de Jesus, e exultou no seio de sua mão. Depois vem a maturidade de sua missão, a partir de um retiro no deserto. Havia feito a experiência do absoluto de Deus, a Verdade, e a defendeu com a própria vida. João levou Deus ao mundo, mostrando que todos os lugares são lugares de anúncio de Jesus.
Que São João Batista nos fortaleça e interceda por nós.
Ângela Mérici nasceu em 1470, na cidade de Desenzano, no norte da Itália. O período histórico era o do Renascimento e da Reforma da Igreja, provocada pela doutrina luterana. Os pais eram camponeses pobres e muito religiosos. E desde pequena, ela teve seu coração inclinado pela vida religiosa, preferindo a leitura da vida dos Santos.
De fato, sua provação começou muito cedo, na infância, quando ficou órfã de pai. Logo em seguida perdeu a mãe e a irmãzinha, com quem se identificava muito. Assim, ela foi viver na casa de um tio, que a havia adotado, mas que também veio a falecer. Voltou à terra natal. Depois de passar dias e dias chorando, com apenas treze anos, pediu para ingressar num convento, entrando para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser “conselheira” de governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas para todas as situação da vida.
Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por defender sua religião e sua castidade.
Ângela acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época. Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro e vila da região. As “Ursulinas” tinham como finalidade a formação das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura.
Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação religiosa. Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma dar início a esse projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só recobrou a visão na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois foi recebida pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início à fundação da Congregação, que ela desejava.
Ângela a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E alí, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e foi canonizada, em 1807.
Santa Ângela de Mérici, atualmente, recebe as homenagens no dia de sua morte.