Seu nome religioso era FREI EURICO DE MELLO OFMCap, de nome Civil: Belmiro Pedro de Mello. Religioso e Sacerdote da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, nasceu no dia 22 de agosto de 1936, em Taió, Estado de Santa Catarina (Brasil).
Filho de Pedro Honorato de Mello e Rosa Claudino,filho mais velho de uma família de 12 irmãos: Jacira, Verônica, Maria, Adolar, Terezinha, Ari, Rosalina, Adélcio, Neusa, Adelaide e Valsoni.
De família pobre, mas piedosa e temente a Deus, desde a infância sentiu-se chamado pelo Senhor à vida consagrada e ao sacerdócio,
influenciado, sobretudo por suas professoras da escola primária, que eram religiosas da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas.
Em 1950 entrou no Seminário dos Capuchinhos, e em 1956 fez o noviciado, sendo recebido à profissão de votos temporários em 25 de março de 1957. Em 25 de março de 1960 professou os votos perpétuos. De 1957 a 1963 estudou Filosofia e Teologia no Convento Nossa Senhora das Mercês, em Curitiba, e foi ordenado Sacerdote em 28 de julho de 1963. Logo depois de ordenado, seus superiores o enviaram a Roma e em 1965 foi licenciado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Ao retornar, ficou encarregado pelo ensino da Filosofia aos estudantes
capuchinhos até 1987.
Em 1967 foi encarregado por seus superiores para que fundasse e organizasse a Juventude Franciscana – JUFRA – no Brasil. Dedicou-se intensamente a este trabalho até 1980. A Ordem Franciscana Secular, então foi enriquecida com grande número de jovens, quando até então se constituía quase só de pessoas idosas e mulheres.
Em 1969, percebendo a necessidade de uma proposta de vida consagrada que respondesse às aspirações dos jovens com quem trabalhava, inicia o Instituto Franciscano Seara.
Em 28 de novembro de 1990, teve um quadro de saúde incluindo “choque cardiogênico, edema agudo de pulmão e infarto do miocárdio” e veio a falecer. Foi sepultado no cemitério dos capuchinhos em Almirante Tamandaré e, em 30 de dezembro de 1998 foi exumado e parte de suas relíquias trazidas para o Eremitério Santa Clara, Município de Tijucas do Sul, Paraná.
Foi músico, compositor, poeta, cantor. Apaixonado de Deus, sedutor de pessoas para o seguimento apaixonado do Senhor. Lutador incansável para manter a fidelidade e o entusiasmo de pessoas vocacionadas ao sacerdócio e à vida consagrada, recolheu preciosos tesouros do passado e, atualizando-os, passou adiante do seu tempo.
Amado e também incompreendido, transpôs barreiras, superou dificuldades, amou acima da medida, expôs-se a tudo para defender seus ideais e escrever preciosas páginas na história. Seu coração teve duas grandes paixões: a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e o Instituto Franciscano SEARA. Enamorado de Deus, transmitiu sua profunda experiência mística e catedrática através de suas aulas, seus escritos de suas pregações e levou a muitos atrás do seu entusiasmo.
Seu grande entusiasmo pela vida consagrada em sua forma mais pura e genuína, o levou a fundar o Instituto Franciscano SEARA, instituto secular de vida contemplativa e fraterna, vivida no mundo e a partir do mundo. Desde os primeiros anos de fundação o sonho que o movia era ter uma casa de oração, onde os membros da Seara pudessem realizar experiências de vida contemplativa. Fez uma tentativa em Ponta Grossa, e várias tentativas em Curitiba.
Mas aprouve a Deus que ele encontrasse em Tijucas do Sul, na estrada Rio Abaixo, o “ninho quente”, como ele definia a fraternidade, onde, com recursos provindos da Ação Episcopal Adveniat, da Alemanha, adquiriu uma chácara. Com suas próprias mãos e com a ajuda de todos os que tivessem disposição entre membros do Instituto e simpatizantes de sua obra, transformou, quase artesanalmente a chácara, que passou a chamar-se de “Eremitério Santa Clara”, inaugurado em dezembro de 1985.
Abençoada chácara! O paiol virou capela, o galinheiro e o redil foram transformados em quartos e banheiros, na casa de moradia fez quartos e construiu uma cozinha e um refeitório, preservando e valorizando o poço, que é símbolo do início do Instituto, quando escreveu o primeiro livro, que inicia com o apelo: “Mulher, dá-me de beber!”
Ao redor do Eremitério se formou um círculo de convívio com os vizinhos e de troca de socorro mútuo, desde a ajuda para cuidar de animais, até o socorro para as pessoas que ficavam doentes e podiam com segurança pedir seus préstimos. Também celebrou muitas missas nas capelas e na Matriz. Acolhia a todos que precisavam de orientação espiritual, matrimonial e familiar. Acolhia os mais necessitados e se preocupava com os pobres. Assim, num espaço de pobreza e inúmeras necessidades, suas e dos que o circundavam, o Frei e o Eremitério foram sendo conhecidos e passaram a ser figuras importantes no âmbito do município. Hoje percebemos que as pessoas estimam o Eremitério, como um “mimo” desta terra fértil, que acolheu um sonho e o viu crescer e concretizar.
Que o Senhor, Pai do céu e da terra, abençoe este chão, que acolhe o sonho de Frei Eurico, que ele sonhou junto conosco, suas filhas espirituais e que possamos ser sempre motivo de orgulho para este povo simples e acolhedor que nos foi dado por Deus como uma família ampliada.
Tijucas do Sul, 23 de novembro de 2006.
Estelamaris Savi